Manual de Sobrevivência à Crise Hídrica – Por que? (Nota de Esclarecimento)

Manual - CIRATEditado pela Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o Manual de Sobrevivência à Crise Hídrica traz orientações importantes para situações-limite de falta de água potável, realidade enfrentada por algumas cidades no mundo. E traz, primordialmente, um convite para a mudança de hábitos de consumo e de atitudes diante da escassez hídrica que a população de Brasília enfrenta. Aprender a cuidar, reduzir consumo e reutilizar a água usada indicam um estilo de vida realmente sustentável de convivência com a água.

O Manual é abrangente e aborda diversas situações que podem ou não serem relacionadas a uma região. Foi criado pela Aliança da Água, composta por dezenas de grupos da sociedade civil, durante a crise hídrica de São Paulo. A leitura e o uso do Manual implicam em distinguir caso a caso. Hora uma dica é pertinente para uma situação, hora para outra. O bom-senso deve prevalecer.

Como diz o próprio Manual, citado em matéria do jornal Metrópoles, “sua criatividade e bom senso serão muito importantes quando surgirem situações imprevisíveis”. Acreditamos que a publicação do Manual é relevante e oportuna, diante do cenário local e planetário.

A situação de risco é flagrante em todo o mundo. O semiárido nordestino convive há décadas com o desabastecimento de água. Grandes cidades, como Recife, convivem com racionamento de água e, atualmente, de forma mais dramática, a população de Campina Grande, na Paraíba, convive com a crise hídrica e a poluição por cianobactérias em um reservatório quase vazio. Segundo a FAO/ONU, a escassez hídrica afeta mais de 40% da população planetária e o desabastecimento de água potável afeta 884 milhões de pessoas. Esse cenário deverá tornar-se mais crítico nas próximas décadas.

Aprender a usar a água de forma consciente e sustentável é o dever de todos cidadãos para a garantia do direito de todos, sobretudo quando sabemos que o crescimento populacional das cidades, ocupação territorial desordenada e impermeabilização dos solos, associados aos efeitos das mudanças climáticas no ciclo da água, afetam diretamente a oferta de água limpa e segura. A população do DF cresce a uma taxa superior a 2% ao ano, velocidade acima da média nacional. E, para cada novo habitante no DF, temos que captar outros 129 litros de água por dia (média de consumo per capita em 2017, segundo dados da Caesb).

Vivemos um novo momento climático do Planeta Terra. Crescimento acelerado da população urbana potencializado pelo desrespeito e falta de sensibilidade ao ciclo da água nos processos de produção de alimentos e ordenamento territorial das cidades. Quando falamos de adaptação às crises hídricas, estamos falando em uma nova forma de relação com a água. Pensar na ausência de um bem vital pode nos mobilizar a cuidar deste bem em tempos de presença.


Vera Margarida Lessa Catalão

Diretora de Educação do CIRAT

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