Projetos aprovados no Edital das Águas com apoio do CIRAT

A Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) lançou no Dia Mundial da Água 2016, edital de R$ 6 milhões que serão destinados a pesquisas sobre o tema.

O objetivo é fortalecer as redes de pesquisa relacionadas ao tema, que terá as seguintes linhas de pesquisa prioritárias: saúde e educação; meio ambiente e agricultura; esgotamento sanitário, drenagem urbana, resíduos sólidos, saúde e poluição; água e cidade; água e campo; planejamento e gestão integrada das águas, direitos humanos e políticas públicas; tecnologias e sistemas inovadores voltados ao uso e reúso da água.

Podem se candidatar pesquisadores vinculados a instituições de ensino ou a empresas de base tecnológica ou de desenvolvimento — públicas ou privadas —, com sede em Brasília ou em cidades da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). Além do DF, integram-na os municípios goianos de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás e Vila Boa; e de Minas Gerais: Buritis, Cabeceira Grande e Unaí.

O CIRAT realizou uma reunião com pesquisadores no dia 01 de abril, na FEPECS/SES-DF, para a divulgação e incentivo de participação no Edital das Águas, n° 05/2016, da FAP-DF. Três (3) dos projetos submetidos com o apoio do CIRAT foram aprovados, são eles:

i) AquaRiparia/ Pró-Água

Esta proposta “AquaRiparia/ Pró-Águas: Qualidade de Água em Bacias Hidrográficas no Cerrado, uma Ponte da Ciência à Sociedade”, é uma iniciativa da rede AquaRiparia que tem como objetivo geral elaborar um modelo de avaliação de gestão integrada das bacias hidrográficas, avaliação da qualidade de água e conservação dos recursos hídricos do Cerrado para subsidiar ações de preservação da biodiversidade nas zonas ripárias brasileiras.

Serão desenvolvidos estudos em rede que irão avaliar os padrões espaciais e latitudinais (de biomas e bacias hidrográficas) e temporais (meses ou anos) nos aspectos funcionais das zonas ripárias conservadas, impactadas e em restauração preferencialmente no Cerrado, mas teremos outros biomas representados neste projeto para uma melhor comparação de nossos resultados. As equipes que compõem distribuem-se em diversas regiões do Cerrado e universidades brasileiras (UnB, UFBA, Unimontes, UFMG, UNEMAT, INPA, EMBRAPA, IFB, IFG) e ONGs (CIRAT), Secretaria de Meio Ambiente do GDF, ADASA e Instituições estrangeiras (Universidade de Coimbra/Portugal e Universidade do País Basco/Espanha).

A abordagem interinstitucional permitirá compartilhar as experiências e maior integração e gestão das informações geradas em diferentes bacias hidrográficas. A proposta está estruturada em três linhas temáticas: Avaliação de Qualidade de Água, Restauração Ecológica de Zonas Ripárias e Construindo o Diálogo Ciência e Sociedade. Neste projeto consolidaremos conceitos científicos para estudar bacias hidrográficas do Cerrado, gerando tecnologias ambientais (p.ex. índices indicadores de qualidade de água e de paisagem; protocolos de restauração e de sistemas agroecológicos e ferramentas de transferência de tecnologia) para avaliar e monitorar as bacias estudadas. Isto permitirá o desenvolvimento de modelos preditivos para dar subsídios às políticas públicas e gestão em cenários de crise hídrica. Desta forma esperamos contribuir em planos de gestão desde uma escala local (zonas ripárias) a uma escala maior (bacia hidrográfica; uso e ocupação do solo).

Esta visão abre a possibilidade de que a gestão seja feita de forma integrada, possibilitando detectar especificidades locais, como seus pontos vulneráveis, permitindo que seja realizado um planejamento de longo prazo mais efetivo para as bacias hidrográficas brasileiras. Além disso, os diversos protocolos sobre os aspectos funcionais e restauração das zonas ripárias em rede levanta informações científicas que permitam aos gestores conhecerem as consequências de ações públicas impactantes no contexto ambiental e para a conscientização da população frente as consequências de seu modo de vida. Isso permitirá a manutenção da vida silvestre, e ainda identificar os serviços ecossistêmicos prestados pelas zonas ripárias (produtos práticos).

Além disso, existe, no âmbito da equipe, um elevado esforço no desenvolvimento de novas tecnologias de obtenção e organização de dados (p.ex. o uso de sistemas computacionais embarcados em veículos e o acoplamento entre os sistemas computacionais, em particular os nanocomputadores e sua operação conjunta a sensores ambientais, não restritos a sensores imageadores). Estes sistemas operam em modernos, inovadores e confiáveis protocolos de comunicação. Trabalhos desta natureza contribuem para a formação de recursos humanos, por meio do incentivo a iniciação científica e desenvolvimento de pesquisas por alunos de programas de pós-graduação envolvidos nesta proposta. A transferência de tecnologias ambientais proporcionará a divulgação científica e popularização dos conhecimentos para a sociedade.

A equipe do AquaRiparia conta com pesquisadores de diversas formações acadêmicas para construir um estudo transversal que atue em problemas de relevância nas bacias hidrográficas do Cerrado e que devem ser respondidos dentro desta nova visão da ciência para o século XXI.

 

ii) Eficiência Hídrica em Unidade de Saúde: Diagnóstico e Soluções

Este projeto incide sobre a ideologia nacional instalada que energia elétrica é tida como um bem escasso, enquanto a água é vista como um bem abundante. Portanto, visa-se investigar os sentidos da água em diferentes segmentos profissionais que com ela atuam no atendimento à saúde. Não se trata de uma proposta para, mas de uma resposta dos profissionais envolvidos nos sistemas de saúde e com o processo de inovação e sustentabilidade do ambiente construído. Com base nessa investigação será projetado, construído e monitorado, um protótipo para testar e desenvolver soluções focadas na eficiência hídrica em unidades de saúde. O protótipo será construído no Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído – PISAC, ligado ao Laboratório do Ambiente Construído, Inclusão e Sustentabilidade (Lacis), da Universidade de Brasília (UnB).

O principal objetivo do PISAC é, por meio de parcerias entre o setor público, privado e academia do Brasil e do Reino Unido, desenvolver, testar e disseminar inovações e tecnologias sustentáveis na produção e manutenção do ambiente construído, contribuindo para o desenvolvimento do setor da construção no Brasil e DF. Não basta, entretanto, projetar e “prototipificar”. É necessário multiplicar a experiência e as possibilidades de posicionar mais e mais profissionais de saúde diante do fato de que, hoje, água não é um recurso abundante. Finalizado o protótipo terá um papel sociocultural, político e ambiental no campo da educação. Ele poderá ensaiar com seus “usuários” o papel de ambiente, relacionando pessoas, água e saúde de uma forma diferente. É nesse sentido que o projeto é de inovação: inovar relações, e colocar a tecnologia arquitetônica como elemento transformador do que há fixado na velha e insustentável ideologia hídrica.

Objetivos Gerais:

Este projeto tem como objetivo geral contribuir com o entendimento da importância do recurso água em edificações de saúde e com a demonstração de soluções para a eficiência hídrica em edificações de saúde, desenvolvendo, construindo, monitorando e demonstrando o uso da água em uma Unidade de Saúde, que será implantada no Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído (PISAC/UnB/CBIC/BRE).

Como objetivos específicos citam-se:

1 – Investigar os sentidos da água em diferentes segmentos profissionais que com ela atuam no atendimento à saúde;

2 – Compreender de modo mais consolidado o entendimento sobre a água e sua escassez junto a segmentos como profissionais de lavanderia, profissionais de cozinha, profissionais que executam os banhos técnicos em pacientes e,finalmente, mecanismos de lavagem e escoamento de água em instituições de saúde;

3 – Conceber, desenvolver, construir, monitorar e demonstrar um protótipo de uma edificação de saúde a ser definida de acordo com o diagnóstico no PISAC/UnB/CBIC/BRE;

4 – Capacitar profissionais envolvidos com as atividades de edificações de saúde com relação a eficiência hídrica e importância da água;

5 – Fortalecer a rede de cooperação em pesquisa e desenvolvimento sobre eficiência hídrica em edificações de saúde;

6 – Detectar bactérias multirresistentes a antibióticos portando genes para carbapenemase (blaKPC, blaNDM e blaOXA) e avaliar o risco de dispersão e de contaminação ambiental associado a efluentes de instituições de saúde.

 

iii) Rede Edutec-Água: Gerenciamento Sustentável (água e agrotóxicos)

O projeto de iniciativa da Universidade de Brasília e parceiros apresenta proposta de nucleação e fortalecimento de rede de pesquisa sobre água, envolvendo tópicos de agricultura e do uso de tecnologias inovadoras para remoção de agrotóxicos e tratamento de águas contaminadas, visando promover o bem-estar da população e a defesa do meio ambiente. Esta rede é formada por pesquisadores das Universidades de Brasília (UnB), de Mato Grosso (UFMT), de Goiás (UFG) e de Minas Gerais (UFMG) e por representantes das Secretarias de Meio Ambiente e da Saúde do Distrito Federal, além de outros centros engajados com a pesquisa em água, na região.

Um dos aspectos singulares dessa rede é a integração de pesquisadores e colaboradores de diferentes áreas – envolve químicos, físicos, biólogos, médicos, farmacêuticos e outros especialistas, somando esforços na criação de uma equipe com caráter inter e multidisciplinar. Não obstante possuírem especialidades distintas, todos os integrantes trabalham em temáticas envolvendo água, fazem parte de entidades e órgãos de fiscalização e monitoramento da qualidade da água e saúde, e também têm experiência em tecnologias de inovação para remediações ambientais.

Neste sentido, o objetivo da criação rede EDUTEC-SAÚDE é o de atuar em regiões-alvo estratégicas de recursos hídricos com impactos da agricultura e da mineração. É importante destacar que Brasília foi escolhida pelo Conselho Mundial da Água (WWC) como cidade-sede do 8º Fórum Mundial da Água de 2018. Esta será a primeira edição deste Fórum no hemisfério sul do Planeta e Brasília está se posicionando, não somente como a cidade que recepciona o Fórum, mas como um centro irradiador de conhecimentos, boas práticas e pesquisas no campo da água e da sustentabilidade. Neste sentido, no planejamento estratégico do GDF para o período 2015-2018, foi criado um objetivo específico chamado “Capital das Águas” que visa estimular programas e projetos visando esta preparação.

Mais especificamente, pretende-se identificar e quantificar a presença de agrotóxicos e de metais pesados em áreas de abastecimento dos estados do MT, GO, MG e DF. Serão analisadas amostras de água em áreas de assentamento, escolas, unidades de abastecimento, regiões rurais e municípios das proximidades de regiões-alvo. Serão coletadas informações clínico-demográficas e os dados serão cruzados para estabelecer as principais relações tipos de cultura agrícola/contaminantes de maior potencial lesivo à saúde e a sociedade. Serão selecionados agrotóxicos e metais pesados com maior incidência nas regiões-alvo para o desenvolvimento de protótipos, com base em nanotecnologia, visando o tratamento e a remediação das áreas atingidas. Além disso, estão previstas ações de educação socioambiental visando contribuir para redução dos danos à saúde, sociedade e ao meio ambiente das regiões-alvo. Trata-se de uma proposta inovadora, pois converge áreas de conhecimento distintas, que associam estudos sociais, de meio ambiente e de saúde, com tecnologias avançadas para o tratamento e a remediação de recursos hídricos em diferentes estados e no Distrito Federal.