Lodo de Esgoto na Recuperação de Áreas Degradadas
Uso do lodo de esgoto para recuperação de áreas degradadas do distrito federal: experiência piloto para conservação do solo e da água
No Distrito Federal (DF) dois problemas ambientais necessitam de urgente intervenção da sociedade. Um deles é a presença de extensas áreas com avançado estado de degradação e o outro é o crescente acúmulo de lodo de esgoto produzido nas dezessete estações de tratamento do DF. O uso desse resíduo para a recuperação de áreas degradadas no DF representa uma alternativa viável com benefícios ambientais múltiplos, com destaque para a conservação do solo e dos recursos hídricos.
Apenas nas estações de tratamento de esgoto (ETE) do DF são produzidas, por dia, aproximadamente, 400 toneladas de lodo de esgoto (LE) (CAESB, 2015). Esse LE é obtido por meio de um eficiente sistema que coleta de cerca de 94% do esgoto gerado. Além disso, todo o esgoto coletado é tratado nas estações de tratamento distribuídas pelo DF. Um destino adequado para esse produto representa interesse de toda a sociedade.
Além dessa estratégia de utilização do LE diretamente ao solo degradado, urge a necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias de tratamento para viabilizar a utilização de lodo de esgoto em maior número de finalidades. Nesse sentido, uma alternativa tecnológica para viabilizar o LE de esgoto é o seu tratamento térmico por meio da pirólise. O processamento térmico de LE representa uma importante alternativa e apresenta vantagens como redução do volume e do custo de transporte (MÉNDEZ et al., 2013), além da eliminação de microrganismos indesejáveis (VESILIND & RAMSEY, 1996).
O biocarvão, internacionalmente conhecido por “biochar”, é um produto sólido, rico em carbono, obtido pelo aquecimento de biomassa sob condições controladas de oxigenação, em processo conhecido como pirólise (SOHI, 2012). Assim, o LE pode ser transformado em biocarvão. Este procedimento tem diversas vantagens como a eliminação de patógenos e de componentes orgânicos perigosos (CABALLERO et al., 1997). Seu uso promove a melhoria da estrutura do solo, da disponibilidade de nutrientes, além do aumento do sequestro de carbono no solo devido à elevada estabilidade desse material (LEHMANN, 2007).
Apesar das vantagens do uso de biomassas pirolisadas na melhoria de solos e substratos, no caso específico do “biochar” de lodo de esgoto, pouco se sabe sobre seu processo de produção e aplicação no desenvolvimento de plantas.
Portanto, a investigação científica e a determinação de parâmetros técnicos sobre o uso de lodo de esgoto e do seu “biochar” no desenvolvimento de plantas para a recuperação de áreas degradadas, por meio de experiência piloto no Jardim Botânico de Brasília, possibilitará o avanço para solução de problemas ambientais de todo o Distrito Federal e entorno.
Esta é uma pesquisa prioritária do CIRAT e tem como objetivo geral avaliar o efeito da aplicação de lodo de esgoto com base no aumento do teor de matéria orgânica na recuperação de cascalheira degradada no Distrito Federal e seus impactos na qualidade do solo e da água. Como objetivos específicos, pretende: i) Determinar a dose ideal de lodo de esgoto para recuperação de área degradada sem dano ambiental ao solo e aos recursos hídricos; ii) determinar o efeito da dose de lodo de esgoto na dinâmica de lixiviação das formas solúveis de nitrogênio e metais tóxicos no solo, em época seca e chuvosa, durante a recuperação de área degradada por atividade de mineração; iii) avaliar o efeito da dose de lodo de esgoto no desenvolvimento de mudas arbóreas durante a recuperação da área degradada; e iv) avaliar a viabilidade do “biochar” de lodo de esgoto como substrato para produção de mudas arbóreas utilizadas na recuperação de áreas degradadas.
Categorias: Conservação da Água, Projetos